quinta-feira, 5 de junho de 2008

FESTIVAL de ESCOLAS do CFB

Sábado, 7 de Junho, realiza-se o último festival da época 2007/08,
no nosso Complexo Olímpico de Piscinas.

Piscina Média
09H30 - Bebés e 4/6 anos (nível 1)
10H30 - + 6 anos (níveis 1 e 2)

Piscina Olímpica
11H30 - Provas de Natação.

Contamos com a presença de todos!
Vai ser uma festa!

1 comentário:

Anónimo disse...

ESTREIA EM PEQUIM TEM «TOQUE» DE LESTE
SOMOS OLÍMPICOS!
Daniela Inácio está em Portugal desde os seis anos, mas nasceu em Moscovo. Arseniy Lavrentiev também é natural da Rússia, embora seja de nacionalidade ucraniana e apostou no nosso País há alguns anos. Ambos os atletas – ela do Belenenses e ele do Algés –, vestem a camisola da Selecção Nacional de águas Abertas e estão hoje a celebrar o apuramento para os 10 quilómetros de águas abertas dos Jogos Olímpicos, logo no ano em que a especialidade se estreia na prova. Em entrevista ao «ND», os mais recentes apurados para Pequim contam-nos como estão a viver o momento, quais as suas expectativas para a competição e reforçam o orgulho que sentem por representar Portugal na mais importante competição desportiva do planeta. Quanto a resultados, pedem paciência e apenas prometem dar o seu melhor para dignificar Portugal.


José Sá Guedes
(Fotos) Rita Taborda/FPN

Acabam de conseguir o apuramento para os Jogos olímpicos de Pequim. Como estão a viver este momento?
Daniela Inácio (DN): Está a ser muito gratificante, principalmente devido ao grande apoio que tenho sentido por parte da minha equipa, o Belenenses. Quando eu e o Arseniy chegámos ao aeroporto fomos recebidos em festa, cada um pela sua equipa, mas em conjunto, e os meus colegas fizeram-me depois uma grande festa de parabéns.
Arseniy Lavrentiev (AL): Sinto-me, também, muito feliz e, ao mesmo tempo, mais confiante. É o sonho de qualquer atleta e eu estou a vive-lo.
Como recordam as provas do Test Event Pequim 2008 e que lhes garantiram o apuramento para os Jogos?
DN: Foi uma prova bastante dura. A água estava fria, a rondar os 23 graus, embora isso seja normal em águas abertas e já estejamos predispostos a que tal se verifique. Desde o início que as atletas que lideravam a competição tiveram um ritmo muito elevado e houve um momento em que a representante do Chile arrancou para a frente. Nessa altura, a prova esticou e criaram-se três ou quatro grupos. Eu fiquei no terceiro e apercebi-me que não estava muito bem classificada. Mas dei o máximo, nunca desisti e comecei a aproximar-me do grupo da frente que, por sua vez, apanhou o primeiro. Isso motivou-me imenso. Nos últimos mil metros dei tudo e posicionei-me bem, sempre com cuidado para não perder a minha posição na prova. Felizmente consegui o apuramento.
AL: No meu caso, a prova foi igualmente muito dura... mesmo dura. Até porque o tempo estava muito ventoso. Normalmente não costumam haver ondas, mas naquele dia havia muita ondulação, o que trouxe dificuldades acrescidas. Também senti muitas dificuldades na última volta porque os atletas que iam à minha frente eram mais experientes e eu só comecei a treinar águas abertas de forma mais dedicada há cinco meses.
Acreditavam neste apuramento antes das vossas provas?
DN: Apesar de muita gente me dizer que era possível... não estava muito. Claro que tinha esperança e fiz por acreditar, mas talvez não estivesse assim tão segura dessa possibilidade.
AL: Eu sonhava com o apuramento (risos). Mas tenho de confessar que não estava muito crente. Na maratona é muito difícil fazer previsões.
Esta era a última possibilidade da Daniela depois do Campeonato do Mundo de Sevilha. O que correu mal em Espanha?
DN: Era a minha estreia em Campeonato do Mundo e senti muita pressão, não imposta pelos outros, mas por mim mesma. Tinha imenso medo de falhar e isso condicionou muito a minha prova.
Esta é a primeira vez que a especialidade estará representada nos Jogos Olímpicos, o que significa que ficarão na história logo à partida, independentemente dos resultados que consigam em Pequim...
DN: Sinto-me muito feliz com isso. É uma honra poder representar o meu país nesta estreia mundial.
AL: É incrível que fiquemos de alguma forma ligados à história e logo com dois representantes. Assim, não vou sozinho para Pequim (risos). Aproveito desde já esta oportunidade por agradecer à Secretaria de Estado do Desporto e à Federação Portuguesa de Natação, lembrando que o facto de termos alcançado este objectivo se deve ao esforço de muitas outras pessoas para além de nós próprios.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação, Paulo Frischknecht, disse que este era um apuramento histórico numa disciplina em que o país tem uma grande tradição...
DN: É verdade que é um apuramento histórico e existe de facto uma grande tradição nesta disciplina, embora a um nível diferente, até porque a Selecção Nacional só foi criada no ano passado. Mas sou da opinião que foi um excelente investimento por parte da Federação.
O que esperam conseguir em Pequim, agora que o apuramento foi garantido?
DN: Espero dar o meu melhor e estar preparada para acompanhar o ritmo das outras atletas... só desejo que tudo corra tudo bem (risos).
AL: Eu não gosto muito de falar de objectivos antes das provas. Apenas prometo dar o meu melhor, como sempre.
Sonham com medalhas ou será pedir demasiado?
DN: Neste momento, acho que não é de todo possível. O meu grande objectivo é subir algumas posições no ranking.
AL: É muito complicado pensar em medalhas. Muito mais complicado do que nos apurarmos para os Jogos olímpicos. Vão lá estar atletas muito experientes...mas vamos ver. Como se costuma dizer, não há impossíveis (risos).
A Daniela está ligada à disciplina das águas abertas, depois de ter praticado toda a sua vida natação pura em piscinas. Embora nadasse distâncias longas, o percurso de uma prova como esta torna o desafio bem diferente...
DN: Sim, a distância longa e as maratonas são coisas muito diferentes. Eu nadava 800 e só comecei nos 1500 há dois ou três anos, quando começaram a realizar-se competições nacionais dessa distância.
O que a levou a apostar em distâncias maiores?
DN: Talvez o facto de não estar a obter tão bons resultados em natação pura e, também, porque descobri que talvez tivesse maior aptidão para distâncias longas. Devemos aproveitar aquilo em que podemos evoluir. Hoje considero-me nadadora de águas abertas, mais do que uma atleta de piscina.
Como se caracterizam enquanto atletas?
DN: Tenho um gosto enorme em praticar natação. Adoro desporto e considero-me muito persistente para além de sonhadora (risos).
AL: No meu caso, gosto de treinos duros e de nadar muito. Gosto especialmente de quando as coisas são complicadas, porque o desafio é muito importante para mim. Gosto de lutar por alguma coisa e consegui-la.
A Daniela nasceu em Moscovo e só veio para Portugal com 6 anos. O Arseniy também nasceu na Rússia. É coincidência o facto de terem sido vocês a obter estes resultados ou será que partilham a famosa disciplina dos atletas de Leste (risos)?
DN: É possível que a educação que tivemos dos nossos pais tenha tido alguma influência na forma como encaramos as coisas. Mas estou mais inclinada para o facto de se tratar de uma pura coincidência (risos).
AL: ...como já disse à Daniela, temos sangue russo, mas o coração é português (risos).
O que disseram um ao outro na primeira conversa pós apuramento?
DN: Aquilo que mais dissemos um ao outro foi: “Somos Olímpicos”. Fiquei muito satisfeita com o resultado que ele obteve, foi uma dupla satisfação.
De que forma vai agora ser abordada a preparação para os Jogos Olímpicos?
DN: Ainda não falei com o meu treinador sobre isso. Esta semana foi um pouco mais calminha e os treinos não têm sido muito difíceis para ajudar à minha recuperação, mas, a partir da próxima semana, já começamos a preparar os Jogos.
O que de mais importante há a melhorar no seu caso específico?
DN: Vou tentar evoluir um pouco mais a nível do ritmo, atingir velocidades mais altas e aguenta-las durante toda a prova. Também posso melhorar no arranque.
E o Arseniy? Como está a preparar a sua participação olímpica?
AL: Também estou a descansar um pouco, por agora. Mas o Nuno Dias e o meu treinador do clube estão a tratar desse aspecto.
Sentem-se felizes pelo facto das vossas famílias terem apostado em Portugal?
DN: Pessoalmente, adoro Portugal. Deu-me uma educação muito boa e acho que as pessoas são extremamente dadas. Este é um país que, mesmo no que diz respeito à da minha modalidade, me proporciona todas as condições para evoluir.
AL: Gosto muito de Portugal. Quando vim para cá, falava um bom inglês, até porque terminei na Ucrânia o curso de tradutor. Isso ajudou a adaptar-me porque conseguia comunicar com os outros. Pessoas como o Nuno Laurentino, Duarte Mourão e outros foram muito importantes nessa altura e ajudaram imenso à minha adaptação. Mas Portugal passou a ser o meu país, desde o primeiro dia. Encontrei aqui tudo o que precisava.
Na modalidade de águas abertas, considera que estão a ser criadas as condições para um futuro forte a nível competitivo?
DN: Sim, talvez a competição não seja ainda tão forte. Mas tem todas as condições para crescer. Tenho a certeza de que vão aparecer atletas muito fortes na disciplina dentro de pouco tempo.
E o Arseniy, que diferenças vê entre o nível competitivo das águas abertas português e o ucraniano?
AL: É muito diferente, a começar pelo facto da Ucrânia ter uma população de 50 milhões de pessoas e em Portugal só existirem 10 milhões. Por isso, há muitos mais atletas na Ucrânia, o que por si só eleva o nível da modalidade. A única verdadeira semelhança está no espírito das provas, embora Portugal tenha uma tradição competitiva muito clubista, talvez por influência do futebol... cada um apoia o outro. Na Ucrânia, os atletas trabalham mais para si próprios... são mais individualistas.

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FILHA DE PEIXE…
TINHA MUITO MEDO DA ÁGUA
Porque razão elegeu a natação?
DN: A minha mãe é treinadora de natação de infantis e juvenis e, antes, tinha sido nadadora. Foi como uma herança... acabou por ser natural.
Curiosamente, pelo que sei, tinha medo da água enquanto criança...
DN: Sim (risos). Os meus pais dizem-me que, até aos quatro anos, eu tinha muito medo da água e especialmente do mar e das ondas. Mesmo quando tomava banho, a água fazia-me confusão.
Que estilo de natação mais a seduz?
DN: Quando era mais nova adorava mariposa, mas actualmente o estilo de que mais gosto é o crawl.

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PAIXÃO POR PORTUGAL
UM GRANDE ORGULHO
O que sente pelo facto de estar prestes a representar Portugal numa prova como os Jogos Olímpicos, pese embora a sua nacionalidade ucraniana?
AL: É um grande orgulho poder representar este País, porque gosto muito dele. Já o sinto como meu.
Porque apostou na modalidade de águas abertas?
AL: A primeira prova em que participei (10km do Challenge do Castelo do Bode, em 2006) foi dura, mas, não só ganhei, como senti que o espírito destas provas é muito diferente daquele que vivemos nas de piscina, onde tudo é sempre a mesma coisa. Nas travessias, é sempre diferente. Nunca sabemos como vão ser. Por isso apostei nas águas abertas.
O quarto lugar na Taça do Mundo de Setúbal também deve ter contribuído para essa paixão pela disciplina...
AL: Sim, sem dúvida. Foi um excelente resultado e deu-me grande motivação. Quando acabei essa prova, nem conseguia acreditar que tinha ficado em quarto lugar (risos).