domingo, 25 de abril de 2010

«É Apetecível Ser Presidente…»

«É apetecível ser presidente… por causa do imobiliário»

Hoje no jornal abola

Entrevista a Viana de Carvalho
Por Fernando Guerra

O Belenenses não consegue viver em paz com a grandeza do seu passado. Prefere adormecer embalado por ilusões que na maioria das vezes não são o que parecem. Hoje, é dia de assembleia geral. As finanças vão indo, mas a queda na II Liga chega para atacar o meio mandato do presidente. Rua!, afinam as vozes! Em nome de quê?

- Qual é o objectivo da assembleia geral que está marcada para esta noite? Para aprovar contas ou algo mais?
- Basicamente para aprovar contas.

- Financeiramente, a situação melhorou ou piorou?
- É muito melhor do que há um ano. Não percebo as razões de tanta contestação. Houve melhoria substancial no segundo semestre em relação a anos anteriores. O passivo a terceiros desceu, os proveitos aumentaram, o prejuízo foi reduzido e os custos diminuíram. Não entendo o que anda no ar… As contas, quer do clube, quer da SAD, melhoraram em todos os parâmetros.

- Mas o que herdaram pesava imenso…
- Sem dúvida, recebemos um passivo considerável. A situação mais grave tinha a ver com a SAD e os 4,7 milhões de prejuízo, o que condicionou toda a actividade deste ano e vai condicionar ainda mais um ou dois anos. É bom que os sócios saibam isso.

- Há motivos para temer a inscrição da equipa de futebol nos campeonatos profissionais?
- É preciso assegurar que isso vai ser feito. Estamos a trabalhar e acreditamos que tudo vai decorrer de forma tranquila.

- Mas não é sim, nem não. É apenas talvez…
- Não depende tudo de nós. Temos planos de saneamento que esperamos ver aprovados em assembleia geral e que têm a ver com a possibilidade de o Belenenses, à semelhança de qualquer empresa, ter a sua dívida de curto prazo, que é muito grande, transformada em médio e longo prazo, negociando com a banca a capacidade de pagar em períodos dilatados.

- Dessa alteração depende a inscrição da equipa?
- Não necessariamente, mas há coisas em cima da mesa que prejudicam a actividade normal do clube e impedem o cumprimento das nossas obrigações.

- Pode ser mais específico?
- Podemos falar de um empréstimo de 16 milhões, que até só são 10 milhões, porque seis milhões já existem. A propósito disto muitas coisas negativas têm circulado.

- Como, por exemplo?
- Olhe, que o Belenenses vai vender património. Isso é mentira. Este empréstimo pode viabilizar as vidas financeira e desportiva do clube. Permite gerar poupanças que não só pagam os juros como até o próprio empréstimo. Hoje em dia pagamos os juros mas não amortizamos os empréstimos que temos. É importante que as pessoas percebam isso. O empréstimo que se propõe vai permitir ao Belenenses uma actividade regular, honrar os seus compromissos e conquistar estabilidade para o futebol.

- Depreende-se, portanto, que a situação, não sendo boa, está controlada. É assim?
- Posso afirmar que a situação está mais controlada do que há um ano, quando tomámos posse, e que, é a nossa convicção, mantendo o mesmo rumo, há motivos para acreditar que dentro de dois anos alcançaremos a estabilização plena.

- Continuam a pagar erros antigos?- O Belenenses entrou em declínio há muitos anos. A culpa não é deste nem daquele, mas chegou a altura de travar, de dizer basta. Conseguimos inverter essa tendência decrescente. É preciso criar condições para impedir que todos os erros que foram praticados se repitam.

- Há movimentos que se querem aproveitara da melhoria da situação?- Claramente, basta olhar para o relatório e contas. Hoje é muito mais fácil agarrar no que está. A tendência é para melhorar.

- Então…- Tudo isto é inoportuno e creio ter a ver com a posição da equipa de futebol, lembrando eu que a despromoção já no ano passado não aconteceu por causa do Estrela da Amadora… Este ano a equipa não se impôs por diversos factores e também por erros próprios, não me custa admiti-lo. Mas em termos financeiros há uma recuperação evidente e estas movimentações só trazem instabilidade. Pôr constantemente tudo em causa não é benéfico. Direcções eleitas para um mandato devem cumpri-lo, prestar contas no final e não estarem permanentemente a ser atacadas. O clube é o principal prejudicado. Não sou eu nem a minha Direcção, é o Belenenses.

- De cada vez que o Belenenses quer levantar a cabeça acontece qualquer coisa, porquê?- É característica do clube. Lembro o falecido Cabral Ferreira que ganhou as eleições com quase 70 por cento dos votos e um mês depois nem um orçamento razoável conseguiu aprovar.

- Alguém estará a aproveitar-se do seu trabalho?- Não me interessa. Estou em paz com a minha consciência.

- Será uma tentativa de assalto ao poder?- Talvez, o cargo de presidente do Belenenses é apetecível.

- Porquê?
- Enquanto não estiver resolvido o problema imobiliário. Depois talvez deixe de o ser…

- É isso que move tanta gente?- O património do Belenenses é interessante.

- Sim, os arquitectos já nem se coíbem de publicitar os projectos para o Restelo. Será isso?
- O terreno do Belenenses é simpático, mas para aumentar o volume de sócios e de alimentar actividades para jovens praticantes precisamos do apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Não pedimos dinheiro, apenas esse apoio no sentido de nos ser permitido requalificar o espaço e desenvolver os projectos para o Restelo que passam por conciliar o desporto com actividades que tragam riqueza para o clube. Ainda não conseguimos perceber se a Câmara de Lisboa nos quer ajudar a criar condições para receber milhares de jovens em práticas saudáveis, ou não… Também me preocupa o facto de o processo de atribuição da bomba de combustível ao Belenenses, já no ano passado, ainda estar à espera não se sabe de quê. Sinceramente, não percebo.

- Há forças contrárias no clube?
- Ignoro. Só digo que não percebo…

- Já pensou que pode ser destituído?
- Os estatutos permitem isso…


1 comentário:

Anónimo disse...

Muita parra nenhuma uva